quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pausa.

Não é um abandono. É mais um tempo que se pede quando o pedido já se tornou tardio. Não é falta de consolo. É mais um consolo de si mesmo quando os outros já foram atendidos. Não é falta de fé. É mais uma busca na fé que os outros represetam e se esvaiu. Não é um choro contido. É mais um pranto calado que se contenta em si só. Não é um presente estagnado. É mais uma breve pausa de tempo para se sentir melhor.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Quem sabe o que?

Quando se sabe, ou se pensa que sabe, de alguma coisa tudo se justifica. "O importante é saber se vender, nem precisa ser o melhor no que faz". Quando se pensa inteligente pode dizer burrices e ser escutado. "O importante é ter credibilidade. Acredite no que fala, mesmo que seja mentira". Quando se pensa o dono da razão age sem se importar com as consequências do meio do caminho. "O importante é que eu tinha razão, no final tudo deu certo". Quando se pensa inteligente sem ser diz bobagem, atrapalha, perturba, desconcentra e emburrece. Que tipo de ensinamentos levamos onde os "formados" podem dizer suas loucuras e serem gênios e os "não formados", `as vezes cheio de informação, são Estamiras jogados a margem sem atenção. São Zés e Joãos sem voz e nem condição de vibrar o lógico em acadêmicos desorientados. Pouco importa a forma se perdemos o conteúdo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Saudades de ontem

Saudades de quando o açúcar era só doce pra alegrar. Saudades de quando pegar na mão era namoro bobo sem se preocupar. Saudades de quando amigo era quem gostava e quem gostava mais ainda era pra namorar. Saudades de quando ping pong era só jogo de jogar. Saudades de quando vó era bolinho de chuva e histórias de ninar. Saudades de quando gargalhar era a felicidade a derramar. Saudades de quando vontade era facíl de realizar.
Hoje o doce virou caloria e pegar na mão é comprimisso para se assumir. Amigo hoje é quem está ao seu lado mas se confunde com histórias de namorar. Hoje ping pong é uma série de perguntas feitas para intimidar e vó é obrigação de ir visitar. Hoje gargalhada pode ser tristeza a disfarçar e hoje qualquer coisa é uma luta para alcançar.

Saudades desse fim de tarde


By Elisa de Paula

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Cada cubo tem seu lado

O meu cubo não é de encaixar as mesmas cores em cada lado. O meu encaixe é diferente. O meu cubo não é quadrado ele tem vários outros lados. O meu encaixe é feito por mais de um ou um só. Ele muda com a cor do sol e a temperatura do mar. O meu lado não é exato e não tem medida do proporcional. Ele é de acordo com o despertar e o deitar. Meu lado encaixa ao lado do meu encaixe dentro do sorriso bem dado. Meu encaixe não tem manual de instrução que resolva e meu lado não tem régua que de conta.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Cada um samba a dois com os pés que tem!


By Elisa de Paula

Samba a dois

Se eu tivesse que escrever, hoje, o que eu tenho a dizer só seria isso. Quem se atreve a me dizer?

Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba?
Quem se atreve a me dizer?

Não, eu não sambo mais em vão
O meu samba tem cordão
O meu bloco tem sem ter e ainda assim
Sambo bem à dois por mim
Bambo e só, mas sambo, sim
Sambo por gostar de alguém, gostar de...

...Me lava a alma, me leva embora
Deixa haver samba no peito de quem...

...se atreve a me dizer
Do que é feito o samba ?
Quem se atreve a me dizer?
Quem se atreve a me dizer?
Do que é feito o samba ?
Quem se atreve a me dizer?

Quem me ensinou a te dizer
"Vem que passa o teu sofrer"
Foi mais um que deu as mãos entre nós dois
Eu entendo o seu depois
Não me entenda aqui por mal
Mas pro samba foi vital falar em...

...Me laça a alma, me leva agora
Já que um bom samba não tem lugar nem...

...se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer

Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer
Nem se atreva a me dizer
Do que é feito o samba
Nem se atreva a me dizer

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Assim mesmo

Eu sou faceira e direta, não se meta em minha reta se não quer se envolver. O meu jogo faz parte da vida, eu jogo capoeira e faço o bem para quem entender. Minha ginga é diária. Minha luta é minha batalha. Não fujo do problema encaro qualquer dilema, mas não queira me ver correr. Eu enfrento de peito aberto, não deixo pra quem está por perto eu faço certo para com o errado aprender. Eu procuro onde não se encontra, ouço quieto o mudo das palavras e digo o que penso para não me arrepender.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O laço e o óculos

- O que adianta eu me arrumar do jeito que você gosta se alguma coisa sempre tem que ajeitar.
Começou assim o diálogo da menina de laço, que tinha previsão para não acabar. Durante três anos e duas noites eles passaram se questionando. Era muito tempo e pouco plano para os laços gastos da menina que só queria sonhar.
- Você nunca quis o que eu queria. Sempre disse que não sabia. Você nunca soube o que queria. Agora você quer me culpar?
O menino de óculos e havaianas tinha mudado seus planos. Parece que era tarde relembrar as vez que hastes e laços se enroscaram. Ele agora queria esquecer.
- Olha bem ! Se continuar assim minhas caixinhas e botões eu jamais te mostrarei. Eles vão para bem longe, mesmo não sendo assim o meu desejo, onde você não achara.
- Leve elas para onde entender. Você sabe a falta que eles vão me fazer, mas vai se lembrar de mim e das vezes que brincamos juntos. Como eu gostava de fazer a música da sua caixinha tocar e terminar brincando com os botões que sempre precisavam abotoar.
- Pede de uma vez! E eu arrumo o laço de novo. Eu faço um esforço e prometo que encero a madeira para parecer nova a caixinha e deixo os botões do jeito que você queria quando eu não quis te dar.
A última noite dos três anos e duas noites estavam prestes acabar e parecia que laço, hastes, havaianas e botões irão voltar. Ela chegou perto mais um pouco e disse que agora sabia o que queria e se isso poderia ajudar. Nessa hora é melhor nem mostrar o diálogo. Ele fez o esperado e terminou por falar o que queria. Os sonhos do laço continuariam vivos e os planos dos meninos de óculos e sapatos foram seguidos sem o seu par.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Lembrando de você.

Hoje meu dia amanheceu tristonho com a lembrança de você. De repente, sem perceber, uma onda de alegria me tomou. Tudo passou a funcionar e todas as músicas me puseram a cantar e as palavras se juntaram como melodias escrevendo tudo o que eu sentia. Escrevi saudades aos outros sem nunca ter escrito nada para você. Foi pouco tempo, mas tempo é relativo. Enquanto eu escrevia, no carro mesmo, entre o vermelho e o verde do trânsito, uma criança do carro ao lado me sorriu e me fez lembrar do seu sorriso. Fez lembrar só as coisas boa, quando geralmente ou sempre, lembrava do pior. Faz lembrar o comentário bobo que sua mãe me disse, mas que fez tornar minha casa mais especial. Ouvindo Lenine, capaz de lembrar do violão, lembrei de tudo de bom. Hoje meu dia está chegando ao final, mas está completo e feliz. Obrigada.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Cuidado ao cruzar!

Não cruze o caminho de quem é de andar e tente tirar do lugar as coisas da mochila e passar desapercebido. Acordar cada dia sem saber nada: nada do que se quer, do que se espera e nada do saber. Não são todos que tem disponibilidade para isso. E poucos conseguem viver ao lado dos que a cada dia acordam para aprender. Não tente tirar a mochila do viajante de si mesmo, que busca cada dia o dia de cada dia. Só sabe viver um dia por vez quem sabe que hoje é novo e ontem já não lembra o que fez. Só sabe viver com a mochila do viajante quem não finge estar por dentro de tudo e aberto a tudo. Só sabe viver com o viajante quem é fiel ao seu cada dia. Não cruze o caminho de quem procura o dia de cada dia e pense que o ontem não faz parte da busca do amanhã. Mesmo quem acorda sem nada saber, tem na mochila os saberes de outros dias e usam na busca do saber do dia de hoje.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Quando o mar não está pra peixe!

Calmo o mar segue durante muito tempo. Parece uma temporada de seca, sem ondas. A calmaria faz os surfistas ficarem de fora só observando esperando o momento em que tudo vai voltar a "funcionar". Enquanto isso os banhistas aproveitam para nadar, boiar e levar os dias no mar com calma e paz. Eu, surfista desde pequeno, estou acostumado com as ondas e a calmaria não me agrada muito. Mas para mim pior do que um dia de calmaria é um mar mexido, revolto, sem condições de surf. Você não pode sufar e nem pode banhar-se. E o pior é que quando o mar parece perfeito, liso, tubular, ideal. Quando ele parece que vai permancer assim tempo suficiente para eu aprimorar meu surf... vem tudo de uma vez. O mar vem tão mexido que nem um pró consegue dropar. O desânimo bate e a primeira coisa que vem a mente é a interrupção de um treinamento. Será que quando as condições estiverem boas novamente eu vou ter regredido? Sei lá. Mas o que eu aprendi é que os treinos me deixaram forte. E mesmo se eu der um passo pra trás na evolução, é só remar com força que eu recupero o tempo perdido quando o mar estiver pra onda de novo.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Cabelo, cabelos.

Sempre gostei de Cabelo, compridos de preferência, a ideia é ter mais para brincar. Nunca mexi neles para mudar a ponto de não ser reconhecida. Teve dias que gostei de cabelos lisos, cabelos enrolados, cabelos despenteados, cabelos repicados. Mas a cor eu mantive para saber que eram meus. Sempre tive dois medos bobos. Envelhecer e ter câncer. Ok. Você vai dizer que câncer não é um medo bobo, mas o meu motivo é: medo de perder os cabelos na quimioterapia. E envelhecer sempre me causou angústias por trazer os famosos fios brancos: terei que tingí-los. Fiz vinte e quatro e descobri no dia do meu aniversário um fio branco, não só a pontinha, o fio inteiro. De repente me dei conta que era inevitável. Um dia terei de tingi-los e nem por isso eles deixarão de ser menos meu ou menos eu. E para minha surpresa percebi que os cabelos crescem e se eu os perdesse poderia ganhar novos, mais vistosos, diferentes, talvez encaracolados. Descobri que os cabelos vão e vem e eu não preciso me preocupar com os que tenho porque todo dia eles crescem um pouquinho e mudam. Na verdade os cabelos que tenho hoje, já não são os mesmos de ontem.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Decidida.

Hoje ela decidiu dizer que sim. Todo sorriso era viável mesmo que improvável. Hoje ela decidiu seguir em frente e esquecer os seus dias carentes ao seu lado. Ela decidiu, hoje, ser um pouco mais do que você pedia para que ela fosse. Penteou o cabelo com pente de madeira e fez duas tranças para prender uma na outra. Escolheu a sua saia preferida, aquela que ela nunca gostou de usar, e foi pra beira da praia ver o mar. O mar que via quando estava ao seu lado. Hoje ela ousou tudo e escolheu sair de rosa com os pés calçados pra variar. Ela, hoje, não teve medo. Esqueceu das vezes que você disse que não e saiu para dançar. Dançou a música de vocês dois, guardou o sorriso para depois e saiu para comemorar. Hoje ela decidiu que já era hora. Decidiu dizer te amo. E amou sem se preocupar. Hoje ela decidiu que era agora. O ontem já foi embora e amanhã, amanhã não adianta passar no seu andar.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Cansando, cansada, cansei !

Quando cansa não tem remédio. Não adianta virar de lado, trocar a cama de lugar, tomar chá pela manhã e leite pra deitar. Quando cansa não tem consolo. O tédio domina o dia, o sorriso da criança causa pouca alegria e o jeito é pedir socorro. Quando cansa não tem ajuda que resolva. Os conselhos são em vão, mão amiga não tem razão e o melhor é procurar em você mesmo. Quando cansa é melhor descansar. Botar a cabeça no lugar, procurar algo novo pra se ajeitar e mudar para parar de cansar.