Diga, abra a boca e deixa que saía. Qualquer coisa. Deixa que caía. Não meça suas palavras e não se preocupe com o que elas podem causar. Apenas diga. Não me deixe aqui falando. Não me deixe aqui calada. Não me deixe esperando uma palavra desejada.
Apenas diga. Nem que você não saiba. Invente qualquer coisa e diga que tem uma nova pessoa amada.
Diga que sabe o que faz, mesmo se não souber nem quem é. Apenas diga que sabe quem é, mesmo que não faça a menor idéia do que faz. Fale qualquer coisa.
Diga que não sabe quando souber de tudo e que sabe quando nada souber. Diga que eu fui importante. Diga que nada importou. Diga que nunca me amou. Diga que não tive o menor valor.
Apenas diga. Não importa o que seja. Diga que agora tem quem realmente deseja. Diga que é feliz mesmo se for um miserável. Diga que não gosta dele e gosta dela. Diga que é de direita e que ouve Djavan. Diga que se embala com o som brega lendo García Marques. Diga que tatuagens estão por fora e que gosta é de flanela. Diga que TV é o máximo e cinema é o fiasco. Diga que minha profissão é um lixo e que a sua é que importa. Diga que nunca vou conseguir mudar nada.
Mas por favor, apenas diga. Não me deixe aqui calada. Não me deixe desesperada no silêncio. Não me faça acreditar que só eu digo. Pode até gritar que eu não sei de nada. Mas diga e rompa com essa cidade acalantada.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
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