Por muito tempo acreditei, ou fingi acreditar por que aí está uma boa forma de se enganar, mas, garanto, ela não dura muito tempo, que o problema estava na forma como eu levava a vida. Pensei que teria que mudar o modo de levar a vida para minha vida poder mudar e, por mais insano que isso possa parecer, é a mais pura verdade. Muita gente faz isso sem se dar conta. Planeja mudanças para poder mudar. Isso soa tão incoerente quando se escreve, se fala, quando sai pelos ares que o impulso é de conter a vontade, de reprimir para não fazer papel de bobo. Eu mesma fiz isso durante muito tempo, fiz isso para mim mesma. Não tinha coragem de dizer que planejava mudanças na minha vida para que conseguisse mudar a minha vida. Durante muito tempo criei planos e metas, ah as metas elas são um capítulo a parte, por que nos prende de tal maneira que em certo momento nossas metas são acabar com as metas e viver as realizações, o grande problema é que em tempo de resoluções do final de ano todos se reinventam em metas para tentar se reinventar. Durante muito tempo planejei comer de três em três horas e parar de beber para em seis meses acabar com 15 kilos de uma só vez. Planejei ir a academia 5 vezes por semana para em três meses ver músculos aparecendo para sustentar o meu joelho. Planejei aprender inglês em 5 anos para conseguir emprego dois meses depois de formada. Planejei viajar para aprender inglês, por que não consegui na meta dos cinco anos que viraram doze, para voltar e conseguir o trabalho que também não consegui depois de 4 anos de formada. Planejei cursar quatro anos de jornalismo para conseguir falar o que eu pensei durante 22 anos. Planejei me especializar em um ramo da fotografia para conseguir um emprego que me desse dinheiro para em um ano eu conseguir fotografar o que eu quisesse. Planejei tanto para conseguir cumprir minhas metas que acabei vivendo um plano. Acabei esquecendo de planejar de viver. Não cabia nas minha metas o hoje, sempre só o amanhã. Estava sempre planejando o agora para poder viver no futuro. Hoje, quando decidi escrever e não planejar, percebi que se eu viver vou conseguir no futuro todos os meus desejos. Se eu acordar todo dia e comer de três em três horas e ir para academia, vou estar mais cansada e não vou querer beber toda sexta, sábado e domingo. Se eu comer de três em três horas, for para academia e não beber todo final de semana eu vou conseguir emagrecer muito mais do que os quinze quilos, os músculos não vão só aparecer como vão ser o sustento de um joelho que vai me levar para as coisas que eu fico planejando fazer quando melhorar e outras tantas que eu nem conheço ainda. Se eu começar a trabalhar não vou precisar do inglês para eu conseguir um emprego e com o dinheiro que vou ganhar vou poder viajar só para curtir o inglês ou os ingleses. Se eu começar a falar o que penso não vou precisar cursar outra faculdade que me permita dizer o que ficaria guardado por mais 22 anos sem poder sair por uma porta que esteve sempre tão escancarada. Se eu começar a fotografar o que eu gosto vou aprender a fotografar tudo e vou poder viver da minha fotografia sem ter que me especializar em ramos que eu não gosto só para ter dinheiro para fotografar o que eu amo. Percebei que metas são para empresas, logo elas que sempre foram o oposto do que eu sou e eu estava seguindo de forma tão fervorosa. Percebi que se viver hoje, amanhã e depois, vou estar cumprindo minhas metas todos os dias sem precisar planejar nada por que elas já vão ser, não serão.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
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